Esta banda americana, proveniente de New York City e formada em 1998, apresenta muito pouco de americano (na realidade, o vocalista, Paul Banks, até nasceu em Inglaterra, tendo-se mudado depois para os Estados Unidos). Praticam uma sonoridade de tendência mais "dark" e melancólica, com toda uma atmosfera sombria por detrás, de maneira original e bem apoiada na competência técnica dos seus membros.
Estão muito ligados ao pós-punk britânico da década de 80, nomeadamente a bandas como os Joy Division e Echo and The Bunnymen, sendo até comun haver referências a Ian Curtis e Ian McCulloch sempre que se fala de Paul Banks (o próprio timbre de voz tem algumas semelhanças), mas a esta onda musical deram o seu toque muito próprio, com uma tendência um pouco mais pop. Foi como uma revitalização do anterior género, tendo sido eles os "pioneiros", havendo agora bandas que lhes seguem as mesmas pisadas sonoras (como os Editors, muito bons também, mas a alguma distância dos Interpol na minha opinião).
Para além de Banks na voz e guitarra, os Interpol são formados também por Daniel Kessler (guitarra), Carlos "D" Dengler (baixo e teclados), e Samuel Fogarino (bateria), sendo que este substituiu Greg Duddy em 2000. Depois de 3 Ep's editados e algumas participações em colectâneas de bandas (o que já lhes permitiu algum reconhecimento, chegando a actuar nas conhecidas John Peel Sessions), é finalmente lançado em Agosto de 2002 o seu album de estreia, "Turn on the bright lights", um dos mais apreciados albuns de estreia nos últimos anos.
Caracterizado por um "diálogo" constante entre as 2 guitarras, um baixo pulsante que por vezes se destaca (característica inspirada nas bandas referidas acima e também noutros nomes como New Order) e teclados que adornam com sucesso, músicas como "Untitled", Obstacle 1" , a mais calma "NYC" e a mais agressiva "Roland" merecem imensa aprovação, sendo que "PDA" foi o grande hit, e na minha opinião uma das grandes canções dos últimos anos.
Após o interesse criado em torno do 1º, aparece o desafio mais difícil que uma banda pode enfrentar, e que muitas vezes leva ao fim da banda: "2º Álbum: Como será?". Uma questão que acaba por atormentar muitos conjuntos que criaram todo um hype em seu torno, e que quando têm que dar continuidade espalham-se ao comprido (o que aconteceu aos Kaiser Chiefs? Muito provavelmente).
Na minha opinião os Interpol responderam bem ao desafio, com "Antics", de 2004. Embora sem o furor e entusiasmo que o antecessor mereceu, voltou a ser bem recebido por ouvintes e crítica, mas com menos unanimidade. Há quem o considere um fraco sucessor. Na minha opinião, é sem duvida um album de continuidade, mas que resultou de um processo evolutivo sustentado, que demonstra o seu crescimento nesse intervalo de tempo, o que o torna um álbum melhor,com um som mais limpo e adornado (é mais fácil de ouvir, mas não acho isso mau. Mas existem sempre aqueles que defendem o "quando se torna mais conhecido, é comercial e já não interessa", algo que não considero muito correcto).
Mas mesmo sendo mais "alcançável", é mais agressivo ainda que o anterior (as guitarras ganharam ainda mais força neste album), mas sem perder as características que tornam os Interpol uma banda tão especial. Abrindo de forma notável com "Next Exit" (a música que menos gera consenso no álbum), o álbum segue numa onda mais rock, com temas como "Evil", "Slow hands" e "C'Mere" a serem escolhas acertadissimas para singles, com o necessário equilibrio a ser dado por canções como "Narc", "Lenght of love" e "Public Pervert" (a melhor canção deles na minha opinião, simplesmente brilhante!). É notório que "Antics", mesmo seguindo a linha anterior, trouxe algumas ideias novas, o que augurava um bom futuro aos nova-iorquinos.
Recentemente chegou o 3º álbum da banda, intitulado "Our love to admire" (na sequência do qual tocaram há poucas semanas em Lisboa, no Super Bock Super Rock). Ainda mais elaborado que os outros,e com uma maior preocupação estrutural, leva-nos para uma atmosfera ainda mais escura que a proporcionada em "Turn on the bright lights" (bem patente na abertura do álbum, com as fabulosas "Pioneer to the falls" e "Scale", as minhas canções favoritas de momento), com recurso a um maior nivél de experimentalismo, nomeadamente um maior uso dos teclados e instrumentos de cordas. "Heinrich Maneuver" é o single, um excelente jogo de guitarras em alto ritmo, (talvez a canção mais "catchy" do álbum, algo que não abunda e que certamente agradou aos críticos do álbum anterior) mantendo-se este em "Mammoth".
Mais á frente outra pérola, "Rest my chemistry", numa toada morna, e extremamente bem tocada. O ritmo volta a subir em flecha com "Who do you think", voltando depois á pacatez com "Wrecking ball", fechando com uma demonstração de originalidade em "Lighthouse". Como define o Plug it In! e muito bem: "uma incrível e como nunca obscura faixa que parece explosiva, vocais com efeitos, teclados discretos. De uma ousadia experimental de tirar o chapéu, investe em uma climatização sensacional. Quase como entrar em um túnel escuro e encontrar, depois de um desespero infinito, a luz. "
Com uma carreira muito equilibrada, á imagem do seu som, construída na base de "um passo de cada vez", os Interpol reagiram bem ao impacto da estreia e mostram-se uma das mais competentes bandas actuais, pela seriedade e equilibrio que demonstram, sugerindo uma carreira de muitos bons discos ainda por vir.
PDA
Roland
Evil
Public Pervert
Heinrich Manuever