quarta-feira, 4 de julho de 2007

Social Distortion - Punks... e não só




Estes veterana banda americana é, dentro do movimento punk-rock, uma das mais multi-facetadas, fazendo o seu som disparar em várias vertentes, sendo por isso um caso interessante de seguir. Foram formados em Orange County (California) no ano de 1978 pelo carismático Mike Ness (único elemento que ainda hoje se mantém) na guitarra principal e voz, Rikk e Frank Agnew nas guitarras, Timothy Maag no baixo e Casey Royer na bateria.

Inicialmente o seu estilo consistia em punk-rock puro e duro, sendo juntamente com bandas como Minor Threat, Black Flag, Dead Kennedys e Bad Religion, responsáveis pelo ressurgimento do estilo nos inícios dos anos 80. Isto apesar dos seus primeiros anos terem sido marcados por muita turbulência, e sucessivas mudanças de formação (o que no fundo foi um marco em toda a sua carreira), e que em grande parte adiou por 5 anos a sua estreia na gravação de registos de longa-duração. Durante este período apenas foram lançados os singles "Mainliner/Playpen" e "1945". Em 1982 embarcaram para a sua 1ª tour pela América com os Youth Brigade (durante a qual foi gravado o documentário punk Another State of Mind), finda a qual se preparam então para a gravação do seu 1º disco.

Este vê a luz do dia no ínicio de 1983, denominado "Mommy's Little Monster", que funciona um pouco como uma colectânea dos primeiros anos da banda. Punk-rock directo e muito eficaz, sempre em elevado ritmo, (um estilo que sempre me marcou muito) com letras bastante interventivas, cantadas na voz nasalada de Ness, bem conhecida no meio. Como grandes hinos a retirar deste álbum, estes são a faixa título, "The Creeps" e "Another State of mind". Este álbum colocou definitivamente os Social Distortion no mapa do punk-rock americano.


Mas depois desta estreia veio o descalabro, com Ness a resvalar para as malhas da droga, de onde não conseguiu sair durante algum tempo. Isto levou inicialmente á saída de Brent Liles e Derek O'Brien (que estavam na banda há já algum tempo), substituídos por John Maurer e Cristopher Reece. E digo inicialmente, pois a súbida rápida dos niveis de vício de Ness, ao qual se somaram problemas com a justiça, levou a banda a um hiato de mais de um ano, durante a qual Mike Ness se submeteu a reabilitação. Esta experiência marcaria-o para sempre, vindo-se isso a reflectir na própria música.


A banda voltou a formar-se em 1986, e grava aquele que será o seu álbum mais importante, "Prison Bound". Isto porque significou uma volta de 180 graus no som que lhes era característico, tirando um pouco o pé do acelerador punk (embora não deixando de estar presente), e embarcando para sons mais próximos do country\western, misturando influências de Johnny Cash e de Rolling Stones, dois dos artistas que Mike Ness mais aprecia, tornando-se uma banda não exclusivamente punk, um pouco na senda dos The Clash. O conteúdo das letras passou a abordar outras temáticas mais "leves", como as experiências de vida e as relações entre as pessoas.
Isto resulta num álbum bem estruturado e equilibrado, que teve uma aceitação bastante razoável e algum airplay nas rádios. Tenho como faixas favoritas a inevitável "Prison Bound", uma das suas melhores e mais conhecidas canções (fala do inferno que Ness passou enquanto se tentava reabilitar) ,"Like an Outlaw" ,"Backstreet Girl" e o excelente punk de "It's the Law".


Mas o auge comercial da sua carreira é atingido com o álbum seguinte, "Social Distortion" (1990). Foi o primeiro álbum não financiado pela própria banda, o que dá para perceber que eles já tinham um estatuto mais elevado. Mantém a senda do anterior, mas com mais algumas incursões novas, nomeadamente pelo rockabilly ("Sick Boy") e blues ("Drug Train"). Para se ter uma ideia das dimensões do sucesso deste álbum, este ainda hoje continua a vender razoavelmente. As canções que ficaram para a posteridade foram os singles "Ball and Chain", "Story of my life" e "Ring of Fire", cover the Johnny Cash.


Em 1992 regressam ás origens com "Somewhere between heaven and hell" que, não sendo dos da minha preferência, sustenta a gradual evolução de Mike Ness como songwriter. De registar um afastamento cada vez maior do punk-rock, e uma subida nos niveis de blues e de um rock mais pausado e melódico, mas sendo importante referir que a estrutura simples e directa das canções nunca se perdeu. Tiveram dois singles com sucesso, "Bad Luck" e ""When She Begins".


Quando mais estavam na berra, a banda sofre uma paragem de 3 anos nas gravações, só voltando em 1995, para gravar White Light, White Heat, White Trash, lançado em 1996. Aqui nota-se uma aposta claríssima no rock, e no punk das origens, deixando completamente de lado as orientações dos álbuns anteriores. È talvez o seu álbum mais homógeneo, não sofrendo grandes ondas, desde o ínicio com a líndissima "Dear Lover" (claramente a minha canção favorita, recomendo vivamente!), até finalizar em alta rotação com a cover dos Rolling Stones "Under my thumb", passando pela frenética "Don't drag me down", o hit single "I was wrong", ou "When the angels sing", um tributo a avó de Ness, falecida nessa altura.


Mais uma vez a banda parou, desta vez durante 7 anos, para o qual muito contribuiu a morte do seu membro Dennis Dannel, a viragem de Ness para trabalhos a solo. Para ajudar ainda mais á festa, o álbum levou uma eternidade a ser lançado, só o sendo em 2004, isto quando começou a ser trabalhado em 2000. Chamou-se "Sex, Love and Rock'n'Roll", e dele apenas conheço o tema "Reach for the Sky", que está no meu top de preferências. Punk rock a alta velocidade e pleno de raiva, com uma letra bem típica ("Reach for the sky because tomorow may never come", "don't think about no future and just forget about the past").


Desde aí, os Social Distortion apenas se têm dedicado a tourneés, numa delas sem Mike Ness na guitarra, pois sofreu um acidente de skate, ficando o cargo nas mãos de Ron Emory (ex-TSOL). Existem rumores que novo álbum poderá ser lançando em 2008, mas não foram confirmados. Certezas só o lançamento de um best-of, no fim de Junho deste ano.




Extremamente recomendável, para punks e não só!




Another state of mind


Prison Bound


Ball and chain


Ring of fire



Dear Lover


I was wrong


Reach for the sky

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