segunda-feira, 23 de julho de 2007

Interpol - How did New York get so dark?




Esta banda americana, proveniente de New York City e formada em 1998, apresenta muito pouco de americano (na realidade, o vocalista, Paul Banks, até nasceu em Inglaterra, tendo-se mudado depois para os Estados Unidos). Praticam uma sonoridade de tendência mais "dark" e melancólica, com toda uma atmosfera sombria por detrás, de maneira original e bem apoiada na competência técnica dos seus membros.



Estão muito ligados ao pós-punk britânico da década de 80, nomeadamente a bandas como os Joy Division e Echo and The Bunnymen, sendo até comun haver referências a Ian Curtis e Ian McCulloch sempre que se fala de Paul Banks (o próprio timbre de voz tem algumas semelhanças), mas a esta onda musical deram o seu toque muito próprio, com uma tendência um pouco mais pop. Foi como uma revitalização do anterior género, tendo sido eles os "pioneiros", havendo agora bandas que lhes seguem as mesmas pisadas sonoras (como os Editors, muito bons também, mas a alguma distância dos Interpol na minha opinião).



Para além de Banks na voz e guitarra, os Interpol são formados também por Daniel Kessler (guitarra), Carlos "D" Dengler (baixo e teclados), e Samuel Fogarino (bateria), sendo que este substituiu Greg Duddy em 2000. Depois de 3 Ep's editados e algumas participações em colectâneas de bandas (o que já lhes permitiu algum reconhecimento, chegando a actuar nas conhecidas John Peel Sessions), é finalmente lançado em Agosto de 2002 o seu album de estreia, "Turn on the bright lights", um dos mais apreciados albuns de estreia nos últimos anos.


Caracterizado por um "diálogo" constante entre as 2 guitarras, um baixo pulsante que por vezes se destaca (característica inspirada nas bandas referidas acima e também noutros nomes como New Order) e teclados que adornam com sucesso, músicas como "Untitled", Obstacle 1" , a mais calma "NYC" e a mais agressiva "Roland" merecem imensa aprovação, sendo que "PDA" foi o grande hit, e na minha opinião uma das grandes canções dos últimos anos.



Após o interesse criado em torno do 1º, aparece o desafio mais difícil que uma banda pode enfrentar, e que muitas vezes leva ao fim da banda: "2º Álbum: Como será?". Uma questão que acaba por atormentar muitos conjuntos que criaram todo um hype em seu torno, e que quando têm que dar continuidade espalham-se ao comprido (o que aconteceu aos Kaiser Chiefs? Muito provavelmente).


Na minha opinião os Interpol responderam bem ao desafio, com "Antics", de 2004. Embora sem o furor e entusiasmo que o antecessor mereceu, voltou a ser bem recebido por ouvintes e crítica, mas com menos unanimidade. Há quem o considere um fraco sucessor. Na minha opinião, é sem duvida um album de continuidade, mas que resultou de um processo evolutivo sustentado, que demonstra o seu crescimento nesse intervalo de tempo, o que o torna um álbum melhor,com um som mais limpo e adornado (é mais fácil de ouvir, mas não acho isso mau. Mas existem sempre aqueles que defendem o "quando se torna mais conhecido, é comercial e já não interessa", algo que não considero muito correcto).


Mas mesmo sendo mais "alcançável", é mais agressivo ainda que o anterior (as guitarras ganharam ainda mais força neste album), mas sem perder as características que tornam os Interpol uma banda tão especial. Abrindo de forma notável com "Next Exit" (a música que menos gera consenso no álbum), o álbum segue numa onda mais rock, com temas como "Evil", "Slow hands" e "C'Mere" a serem escolhas acertadissimas para singles, com o necessário equilibrio a ser dado por canções como "Narc", "Lenght of love" e "Public Pervert" (a melhor canção deles na minha opinião, simplesmente brilhante!). É notório que "Antics", mesmo seguindo a linha anterior, trouxe algumas ideias novas, o que augurava um bom futuro aos nova-iorquinos.


Recentemente chegou o 3º álbum da banda, intitulado "Our love to admire" (na sequência do qual tocaram há poucas semanas em Lisboa, no Super Bock Super Rock). Ainda mais elaborado que os outros,e com uma maior preocupação estrutural, leva-nos para uma atmosfera ainda mais escura que a proporcionada em "Turn on the bright lights" (bem patente na abertura do álbum, com as fabulosas "Pioneer to the falls" e "Scale", as minhas canções favoritas de momento), com recurso a um maior nivél de experimentalismo, nomeadamente um maior uso dos teclados e instrumentos de cordas. "Heinrich Maneuver" é o single, um excelente jogo de guitarras em alto ritmo, (talvez a canção mais "catchy" do álbum, algo que não abunda e que certamente agradou aos críticos do álbum anterior) mantendo-se este em "Mammoth".
Mais á frente outra pérola, "Rest my chemistry", numa toada morna, e extremamente bem tocada. O ritmo volta a subir em flecha com "Who do you think", voltando depois á pacatez com "Wrecking ball", fechando com uma demonstração de originalidade em "Lighthouse". Como define o Plug it In! e muito bem: "uma incrível e como nunca obscura faixa que parece explosiva, vocais com efeitos, teclados discretos. De uma ousadia experimental de tirar o chapéu, investe em uma climatização sensacional. Quase como entrar em um túnel escuro e encontrar, depois de um desespero infinito, a luz. "


Com uma carreira muito equilibrada, á imagem do seu som, construída na base de "um passo de cada vez", os Interpol reagiram bem ao impacto da estreia e mostram-se uma das mais competentes bandas actuais, pela seriedade e equilibrio que demonstram, sugerindo uma carreira de muitos bons discos ainda por vir.

PDA




Roland




Evil




Public Pervert




Heinrich Manuever

domingo, 15 de julho de 2007

The Fratellis - The Scottish Power Trio




Mais uma excelente proposta do mundo indie, que nos chega directamente de Glasgow, Escócia.
Formados por Jon Fratelli (guitara e voz), Barry Fratelli (baixo) e Mince Fratelli (bateria), os seus nomes são na realidade, por esta ordem, John Lawler, Barry Wallace e Gordon McRory. Explicações para o facto de todos terem assumido o apelido Fratelli há várias, desde o significado desta palavra em italiano ("irmãos", embora não o sejam), até uma suposta relação com o filme "The Goonies".


O seu tempo de vida ainda é muito curto, contudo já é pautado por algum sucesso. Estrearam-se na sua terra natal em 2005, sendo logo apontados como uma das maiores promessas. A 3 de Abril de 2006 editaram o EP "The Fratellis", com as canções "Creeping Up The Backstairs", "Stacie Anne" e "The Gutterati?". Na altura foram produzidas muito poucas cópias, o que origina que hoje haja grande procura pelos novos fans da banda. Destas 3 canções, apenas a primeira integrou o primeiro álbum da banda que sairia mais tarde. Antes disso, a banda fez apresentações no famoso "Top of the Pops" e "Later with Jools Holland". Tiveram ainda um grande apoio, como em muitos casos de bandas deste tipo, de Zane Lowe, locutor da BBC e apresentador do "Gonzo" da MTV2, programa dedicado á música mais alternativa.


Pela mão da editora Fallout Records, pela qual já tinham também gravado o EP, editaram o álbum "Costello Music", recebido com muito agrado pela crítica e muito bem cotado nos tops britânicos (chegou a nº2). O seu som é baseado em grandes malhas rock de guitarra simples e directas, apoiadas num ritmo quase sempre acelerado, diria até mesmo dançavel, cuja maior parte das letras contam histórias simples. Mas a nivél sonoro não se ficam por aqui, pois apoiam-se num misto de influências, desde o punk-rock dos The Clash , passando pelo ska dos Madness, e pela pop dos velhinhos The Monkeys, e algo do glam rock dos anos 70.


Como grandes canções a retirar deste álbum temos o brilhante e puro rock'n'roll de "Got ma nuts from a hippy" e do 1º single "Chelsea Dagger" (canção que ainda hoje toca no estádio de Stamford Bridge), o piscar de olho ao country da balada "Whistle for the Choir", o punk-ska de "Creeping Up The Backstairs " e "Henrietta" e a viragem pop de "Ole black'n'blue eyes".


A maior vantagem deste trio escoçês, em relação a muitas outras bandas colocadas no saco do indie-rock, é que possuem um som bastante variado, seguindo muitos caminhos e proporcionando experiências sonoras muito boas. Definitivamente recomendável!





Chelsea Dagger


Whistle for the choir


Henrietta


Creeping Up The Backstairs

terça-feira, 10 de julho de 2007

Arctic Monkeys - Fenómeno made in Internet





Esta grande banda indie-rock britânica, originária de Sheffield, bem pode ser apelidada como "fenómeno da Internet", já que a divulgação inicial deles, surgiu muito pelo "passa-palavra" cibernético, com um sucesso quase nunca visto. Isto resultou no facto de, mesmo antes de terem entrado em estúdio para gravar o seu primeiro album, já tivessem uma razoável base de fans.

Os seus elementos são actualmente Alex Turner( voz e guitarra), Jamie Cook(guitarra), Matt Helders(bateria e backing vocals) e Nick O’Malley (baixo), este a substituir o anterior membro Andy Nicholson. O conjunto formou-se em 2002, e em 2003 deu os primeiros concertos e gravou as primeiras demos, que foram muito divulgadas na Internet. Isto originou um enorme hype que os levou a ficar cada vez mais populares pelo norte da Inglaterra, chamando a atenção da rádio BBC e dos tablóides britânicos. Em 2005, gravam um EP, "Five Minutes With Arctic Monkeys", com as músicas “Fake Tales of San Francisco” e “From The Ritz to the Rubble”. O número de fãs era já surpreendente para quem nunca tinha sequer gravado um álbum.

Com o lançamento em 2006 de "Whatever People Say I Am, That`s What I`m Not", ultrapassaram nomes como os Oasis em termos de popularidade alcançada com um primeiro album, ao venderem na primeira semana na Grã-Bretanha nada mais nada menos que 360 mil exemplares. Um impacto imediato que já não se via praticamente desde os Beatles! Ganharam diversos prémios por este disco, como o Mercury Prize em 2006 e o NME Award, no mesmo ano.

No fundo este sucesso não surpreende, pois é de facto um dos melhores álbuns dos últimos anos. Pode-se dizer que este viaja por entre a raiva punk dos Sex Pistols, a irreverência mais pop própria de uns The Kinks, e por malhas mais clássicas como de uns The Who. Riffs bem ritmados, solos simples e com impacto, com uma dose razoável de loucura mas sem perder o fio á meada. "I bet that you look good on the dancefloor" foi o primeiro single (eleito em muitas publicações musicais como o melhor de 2006), mas é de destacar o rock de "Fake Tales of San Francisco", "When the sun goes down" e do alucinante "The view from the afternoon", as melodia pop de "Mardy Bum", ou o ambiente soturno e introspectivo de "Riot Van" .

Com um crescimento tão rápido em tão pouco tempo, ganharam o seu lugar no meio das grandes bandas de terras de Sua Majestade. E como sempre acontece, a expectativa com o lançamento de um segundo álbum foi crescendo. E não foi preciso esperar muito tempo para surgir a resposta do lado da banda, com "Favourite worst nightmare", surgido uns meses depois de terem lançado o single "Leave before the lights come on".

É essencialmente um trabalho de continuidade, com a mesma fórmula do anterior. Mas não considero isso propriamente negativo, pois o essencial continua lá, um conjunto bem alargado de grandes canções. O álbum tem um ínicio impressionante a 100 á hora com "Brianstorm", "Teddy Picker", "D is for Dangerous" (a minha canção favorita do álbum) e "Balaclava", mesmo á imagem da banda. "Fluorescent Adolescent" revela-se na minha opinião, uma das suas melhores canções, com um som pop muito bem trabalhado, e "Do me a favour" o maior ponto de originalidade do disco, uma belíssima canção a mostrar que a banda tem mais caminhos por onde seguir que o tipo de som que lhes é carcterístico. De realçar ainda "Old yellow bricks", com um ritmo contagiante.


Resta saber o que os próximos anos vão reservar a esta banda, se depois da fama vão alcançar a estabilidade necessária para fazer uma grande carreira e tornar-se um dos conjuntos mais marcantes do novo milénio. Aceitam-se apostas...






I bet you look good on the dancefloor




A view from the afternoon




Mardy Bum



Leave before the lights come on




Brianstorm




Fluorescent adolescent

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Social Distortion - Punks... e não só




Estes veterana banda americana é, dentro do movimento punk-rock, uma das mais multi-facetadas, fazendo o seu som disparar em várias vertentes, sendo por isso um caso interessante de seguir. Foram formados em Orange County (California) no ano de 1978 pelo carismático Mike Ness (único elemento que ainda hoje se mantém) na guitarra principal e voz, Rikk e Frank Agnew nas guitarras, Timothy Maag no baixo e Casey Royer na bateria.

Inicialmente o seu estilo consistia em punk-rock puro e duro, sendo juntamente com bandas como Minor Threat, Black Flag, Dead Kennedys e Bad Religion, responsáveis pelo ressurgimento do estilo nos inícios dos anos 80. Isto apesar dos seus primeiros anos terem sido marcados por muita turbulência, e sucessivas mudanças de formação (o que no fundo foi um marco em toda a sua carreira), e que em grande parte adiou por 5 anos a sua estreia na gravação de registos de longa-duração. Durante este período apenas foram lançados os singles "Mainliner/Playpen" e "1945". Em 1982 embarcaram para a sua 1ª tour pela América com os Youth Brigade (durante a qual foi gravado o documentário punk Another State of Mind), finda a qual se preparam então para a gravação do seu 1º disco.

Este vê a luz do dia no ínicio de 1983, denominado "Mommy's Little Monster", que funciona um pouco como uma colectânea dos primeiros anos da banda. Punk-rock directo e muito eficaz, sempre em elevado ritmo, (um estilo que sempre me marcou muito) com letras bastante interventivas, cantadas na voz nasalada de Ness, bem conhecida no meio. Como grandes hinos a retirar deste álbum, estes são a faixa título, "The Creeps" e "Another State of mind". Este álbum colocou definitivamente os Social Distortion no mapa do punk-rock americano.


Mas depois desta estreia veio o descalabro, com Ness a resvalar para as malhas da droga, de onde não conseguiu sair durante algum tempo. Isto levou inicialmente á saída de Brent Liles e Derek O'Brien (que estavam na banda há já algum tempo), substituídos por John Maurer e Cristopher Reece. E digo inicialmente, pois a súbida rápida dos niveis de vício de Ness, ao qual se somaram problemas com a justiça, levou a banda a um hiato de mais de um ano, durante a qual Mike Ness se submeteu a reabilitação. Esta experiência marcaria-o para sempre, vindo-se isso a reflectir na própria música.


A banda voltou a formar-se em 1986, e grava aquele que será o seu álbum mais importante, "Prison Bound". Isto porque significou uma volta de 180 graus no som que lhes era característico, tirando um pouco o pé do acelerador punk (embora não deixando de estar presente), e embarcando para sons mais próximos do country\western, misturando influências de Johnny Cash e de Rolling Stones, dois dos artistas que Mike Ness mais aprecia, tornando-se uma banda não exclusivamente punk, um pouco na senda dos The Clash. O conteúdo das letras passou a abordar outras temáticas mais "leves", como as experiências de vida e as relações entre as pessoas.
Isto resulta num álbum bem estruturado e equilibrado, que teve uma aceitação bastante razoável e algum airplay nas rádios. Tenho como faixas favoritas a inevitável "Prison Bound", uma das suas melhores e mais conhecidas canções (fala do inferno que Ness passou enquanto se tentava reabilitar) ,"Like an Outlaw" ,"Backstreet Girl" e o excelente punk de "It's the Law".


Mas o auge comercial da sua carreira é atingido com o álbum seguinte, "Social Distortion" (1990). Foi o primeiro álbum não financiado pela própria banda, o que dá para perceber que eles já tinham um estatuto mais elevado. Mantém a senda do anterior, mas com mais algumas incursões novas, nomeadamente pelo rockabilly ("Sick Boy") e blues ("Drug Train"). Para se ter uma ideia das dimensões do sucesso deste álbum, este ainda hoje continua a vender razoavelmente. As canções que ficaram para a posteridade foram os singles "Ball and Chain", "Story of my life" e "Ring of Fire", cover the Johnny Cash.


Em 1992 regressam ás origens com "Somewhere between heaven and hell" que, não sendo dos da minha preferência, sustenta a gradual evolução de Mike Ness como songwriter. De registar um afastamento cada vez maior do punk-rock, e uma subida nos niveis de blues e de um rock mais pausado e melódico, mas sendo importante referir que a estrutura simples e directa das canções nunca se perdeu. Tiveram dois singles com sucesso, "Bad Luck" e ""When She Begins".


Quando mais estavam na berra, a banda sofre uma paragem de 3 anos nas gravações, só voltando em 1995, para gravar White Light, White Heat, White Trash, lançado em 1996. Aqui nota-se uma aposta claríssima no rock, e no punk das origens, deixando completamente de lado as orientações dos álbuns anteriores. È talvez o seu álbum mais homógeneo, não sofrendo grandes ondas, desde o ínicio com a líndissima "Dear Lover" (claramente a minha canção favorita, recomendo vivamente!), até finalizar em alta rotação com a cover dos Rolling Stones "Under my thumb", passando pela frenética "Don't drag me down", o hit single "I was wrong", ou "When the angels sing", um tributo a avó de Ness, falecida nessa altura.


Mais uma vez a banda parou, desta vez durante 7 anos, para o qual muito contribuiu a morte do seu membro Dennis Dannel, a viragem de Ness para trabalhos a solo. Para ajudar ainda mais á festa, o álbum levou uma eternidade a ser lançado, só o sendo em 2004, isto quando começou a ser trabalhado em 2000. Chamou-se "Sex, Love and Rock'n'Roll", e dele apenas conheço o tema "Reach for the Sky", que está no meu top de preferências. Punk rock a alta velocidade e pleno de raiva, com uma letra bem típica ("Reach for the sky because tomorow may never come", "don't think about no future and just forget about the past").


Desde aí, os Social Distortion apenas se têm dedicado a tourneés, numa delas sem Mike Ness na guitarra, pois sofreu um acidente de skate, ficando o cargo nas mãos de Ron Emory (ex-TSOL). Existem rumores que novo álbum poderá ser lançando em 2008, mas não foram confirmados. Certezas só o lançamento de um best-of, no fim de Junho deste ano.




Extremamente recomendável, para punks e não só!




Another state of mind


Prison Bound


Ball and chain


Ring of fire



Dear Lover


I was wrong


Reach for the sky

terça-feira, 3 de julho de 2007

Mando Diao - Da Suécia para o mundo


Desde á cerca de 3 anos que são uma das minhas bandas de referência, e da qual sou um grande fã! Já bem conhecidos na Europa, e inclusive na vizinha Espanha, são ainda praticamente desconhecidos em Portugal, situação que acho que irá mudar radicalmente depois da sua estreia no nosso território, marcada para 13 de Agosto, no Festival Paredes de Coura.


Oriundos de Borlange, uma cidade no centro sul da Suécia (que lidera os rankings nacionais no nº de homicídios e casos de droga), são formados por Björn Dixgård (vocalista, guitarra solo, compositor), Gustaf Norèn (vocalista, guitarra ritmo, compositor), Carl-Johan Fogelklou (baixista, backing vocal), Samuel Giers (bateria) e Mats Björke (órgão e percussões). Têm no sangue o espírito do pop-rock dos anos 60 (bandas como Kinks, The Who e Beatles), com melodias bastante "catchy" ás qual se torna quase impossivél ser indiferente e não entrar na onda . Esta face da música tem sofrido uma onda de revivalismo enorme, na qual proliferaram conjuntos do género, como os Libertines, Maximo Park, The Kooks, etc.


Segredo? A simplicidade das canções, geralmente compostas de uma base simples de guitarra ritmo, baixo e bateria, com o típico "solo no momento certo" e teclados muito á Ray Manzarek (The Doors). Igualmente importante, a particularidade de a banda ter dois vocalistas e compositores que dividem funções: Bjorn canta umas, Gustaf outras. Bjorn possui uma voz bastante melódica, o que o torna adequado a músicas mais calmas e mais pop, embora haja excepções ("Sweet Ride" ou "Killer Kaczinsky"). Já Gustag possui uma voz plena de garra, o que assenta como uma luva em canções mais "a rasgar", mas não descurando também o slow ("The New Boy" ou "This Dream is Over") . A nivél de composição, formam uma dupla quase perfeita, com um sentido musical muito interessante!


Tudo começa em 1995, quando Bjorn formou a banda Butler. Após várias entradas e saídas, o conjunto estabilizou (mudando também o nome para Mando Diao), e começou a ganhar o calo necessário para se fazer á vida musical. E eles levaram-no bem a sério! Aos 17 anos, depois de dizerem adeus á escola, fecham-se em casa a compor durante 6 meses, ao que depois disso começaram a dar concertos, tentando agitar as hostes. Um jornalista local ficou impressionado com a performance da banda e, numa reportagem, escreveu que era um absurdo que uma banda como aquela não tivesse editora. A fama chega a Estocolmo, onde um V.J da MTV lhes abre as portas da editora E.M.I .


Em pouco tempo, e por mérito próprio, dão um grande passo para a fama. É lançado "Bring'em in", um excelente disco, mas onde está ainda patente nalguns pontos a inexperiência nas altas andanças. Contudo já lá moravam hinos como "Mr Moon" (uma das melhores baladas que já ouvi), os frenéticos "Sheepdog" e "Sweet Ride", e a beleza de "To China with Love", entre outros. Mesmo ainda "verdes", já tinha aparecido uma grande banda, e um dos discos marcantes do circuito mais alternativo. Depois da extensa tourneé, vão para Bath (Inglaterra), e gravam as demos para o segundo album, "Hurricane Bar" (nada mais nada menos que 60!).



Richard Rainey, que trabalhou com o U2, teve acesso ás demos e ao primeiro disco, e fica impressionado e "intrigado com a originalidade das canções", segundo consta. Depois de um concerto em Berlim, eles encontram-se, e como foi entendimento imediato, resolveram trabalhar juntos na gravação do 2º disco. Por ter sido gravado longe de casa, "Hurricane Bar" sintetiza os sentimentos da banda pela cidade natal. É um álbum bem trabalhado, sem preocupações de tempo (por exemplo, "Clean Town" levou quase dois anos a ficar pronta), o que é meio caminho andado para que o trabalho saia bem feito, com os índices de creatividade no pico, e ainda assim sem perder a essência que os celebrizou e os marcará sempre. Este álbum contém pérolas como "All my senses", o rock de "God Knows" (que rodou imenso tempo aqui em Portugal num anúnciod e telemóveis), e "Annie's Angle", a melancolia de "Ringing Bells"... Pode-se considerar o seu álbum mais homogéneo, e o meu favorito. Excelente e bastante recomendável!


Embarcaram então para mais uma tourneé, espalhando o seu som pelos quatro cantos do planeta, despertando cada vez mais atenções. O ritmo de concertos é frenético, quase não tendo tempo para voltar á sua terra natal, a não ser que haja uma data para lá marcada. Mas nos fins de 2005 lá decidem fazer uma pausa, e assentam arraiais para gravar "Ode to Ochrasy", que fica pronto a meio de 2006. É claramente o seu álbum mais produzido (ainda que não levasse o tempo que anteriores levaram a gravar), e onde se notam maiores diferenças no seu som, com mais arranjos do que era habitual, e onde as guitarras perdem alguma força mas ganham mais complexidade, subindo um pouco mais a fasquia, algo próprio de quem quer evoluir.


Embora o rock esteja também muito presente , nomeadamente no single "Long Before Rock'n'Roll " ou no brilhante "Tony Zoulias (Lustful Life)", é dado muito espaço a sonoridades mais tristes e melancólicas (a grande balada "The New Boy", "Josephine", "Ochrasy", só com guitarra acústica e onde Bjorn faz uma prestação vocal fantástica, ou a psicadélica "Amsterdam"), com incursões surpresa pelo punk de "Killer Kaczinsky" e... pelo country de "Good Morning Herr Host", o single escolhido para a Alemanha, onde eles têm um culto muito especial.

Com uma carreira muito equilibrada, sem picos mas sempre em curva ascendente, estão para durar estes rapazes que parecem tratam as grandes canções por tu! Pessoalmente desejo o estrelato para eles, merecem-no claramente!


Mr.Moon


Sheepdog


God Knows


Down in the Past


Long before Rock'n'Roll (Ao vivo)


Good morning, Herr Horst

domingo, 1 de julho de 2007

Metallica - Super Bock Super Rock 28-06-2007





Este novo blog não poderia ser iniciado de melhor forma, com uma incursão sobre aquele que seria um dos concertos mais esperados do ano, o regresso dos Metallica a Portugal através do 13º Super Bock Super Rock, e no qual não poderia deixar de marcar presença, depois de ter falhado á 3 anos a fabulosa prestação do Rock in Rio-Lisboa.

James Hetfield e companhia efectuavam o 1º concerto após uma larga temporada em estúdio a preparar o sucessor de "St. Anger", e essa fome de palco notou-se desde os primeiros acordes de "Creeping Death". Foi um concerto sempre em alta rotação, como é seu apanágio, onde percorreram todos os passos da sua carreira, desde "Killem' all" até "Reload", deixando de fora do alinhamento o seu último álbum, e frustrando as expectativas de quem esperava ouvir algum novo tema.

A coesão da banda é dos seus pontos mais fortes, e na qual Robert Trujillo já se insere perfeitamente, apesar da sua forma pouco ortodoxa de estar em palco, distante até daquilo que seria normal num chamado "estilo metal". As falhas são muito poucas (recordo-me apenas de 2 de Kirk e uma de Lars), o que mostra um profissionalismo difícil de igualar, sendo que por vezes parece que foi posto um CD a rodar...

Foi um concerto bastante agradável de presenciar (valeu bem a maratona Porto-Lisboa-Porto iniciada ao fim da tarde), e do qual destaco como pontos mais altos "The Memory Remains","Fade To Black" (na minha opinião, a sua melhor canção, a roçar a perfeição),"Master of Puppets" ,"One" e as inevitáveis "Enter Sandman" e "Nothing Else Matters". O público português esteve ao seu nivél habitual: Excelente!
Depois de soar o último acorde do clássico "Seek and Destroy", a banda despediu-se definitavamente (após 2 encores), prometendo voltar em breve.

Fica-me a sensação que esta banda, apesar da sua veterania, tem ainda muito para dar, havendo agora que aguardar pelo lançamento do novo registo, para ver se as promessas de regresso ao seu som característico não ficam frustadas, como se passou com "St. Anger". Kirk Hammet, em entrevista, já deixou no ar que os solos estão presentes em força. Veremos se não falta o resto...


ALINHAMENTO:

Creeping Death
For Whom The Bell Tolls
Ride The Lightning
Disposable Heroes
The Unforgiven
...And Justice For All
The Memory Remains
The Four Horsemen
Orion
Fade To Black
Master Of Puppets
Battery

Sad But True
Nothing Else Matters
One
Enter Sandman

Am I Evil?
Seek And Destroy.



Beneficiando daquilo que o YouTube nos oferece, ficam aqui alguns dos melhores momentos deste concerto:

Ecstasy of Gold + Creeping Death



For whom the bell tolls


The Unforgiven



The memory remains


Orion (instrumental)



Fade to black



Master of puppets


Nothing else matters


One


Enter sandman